segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Câmeras acopladas aos policiais gravam ações nas ruas

A polícia, agora, vai trabalhar sob a eterna vigilância de câmeras que nunca desligam. Essa tecnologia começou a ser usada pela polícia de Salt Lake City, em Utah, e já foi adotada por outras 200 cidades americanas.

A oficial Garret diz que ama a câmera. E completa: “Se eu cometo algum erro, se eu esqueço alguma coisa que disse, eu posso assistir à gravação. Ver o que fiz e ouvir o que falei”.

As câmeras são instaladas nos capacetes, no boné, na ombreira ou nos óculos. E registram tudo o que o policial vê e faz.

Todos os dias, quando termina o horário de trabalho, os policiais têm que ir até a base para deixar os equipamentos. A partir deste momento, as imagens já são descarregadas. E vão para a rede do departamento de polícia.

A sargento Regina Holcombe, que coordena o uso de câmeras por 200 policiais de Chesapeake, mostra como as imagens ficam arquivadas nos computadores.

“Aparece o nome do agente, o dia e a hora que tudo foi gravado. Você até pode fazer alguma anotação na tela, destacar o rosto de um suspeito, mas não pode alterar a sequência do vídeo de forma alguma”, conta Holcombe.

O equipamento é muito importante para fiscalizar a conduta do policial. Em um dos casos, o suspeito estava tomando bebida alcoólica na rua - o que é proibido na cidade. A agente pede para ele parar.

O homem foge. Ela aciona a arma de choque. E consegue dominar o suspeito. A ação foi correta? Os superiores é que vão dizer depois de ver as imagens.

A microcâmera serve também para avaliar o comportamento do suspeito. Em outro caso, a agente tenta dominar o rapaz, mas ele foge. Logo em seguida é pego. Só que o homem rouba a arma de choque e dispara contra a polícia. Até que chega o apoio e o suspeito, finalmente, é dominado e algemado.

Tudo registrado. Sem margem para versões.

"No tribunal é muito importante porque mostra para o juiz o que aconteceu de verdade. Se o testemunho do policial for diferente da versão do réu, o vídeo tira a dúvida", conta a sargento Holcombe, que implantou o sistema há poucos dias na polícia de Chesapeake e já teve bons resultados.

São imagens que esclarecem mortes. O policial chega para atender um chamado de violência doméstica. O suspeito está armado. O agente pede para ele abaixar o revólver.

Não adianta. O policial dispara e mata o rapaz. O agente não foi preso. A gravação mostrou que, antes de atirar, ele pediu dez vezes para o suspeito jogar a arma fora.

No Brasil, a tecnologia já começou a ser usada. A primeira a adotar foi a polícia de Brasília.

“Nós começamos as pesquisas há, aproximadamente, um ano e meio. Temos a ida aos Estados Unidos, o treinamento feito lá e o treinamento sendo feito aqui a partir do início de novembro de 2012”, diz o coronel Leonardo Sant´Anna, da PM do Distrito Federal.

O ex-secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro Jorge da Silva acredita que logo a ideia deverá ser adotada em outros estados.

“Acho que é um caminho inevitável. A tecnologia está aí para facilitar a vida das pessoas, para facilitar a vida das sociedades. E, no caso específico da segurança pública, para aprimorar esses serviços”, afirma Jorge.

Paulo Storani, ex-integrante do Bope, a tropa de elite da polícia do Rio de Janeiro, diz que a tecnologia pode ser usada como aliada dos policiais, e levanta três pontos positivos: “A primeira dimensão é o apoio policial em relação ao que está sendo feito naquele momento, avaliar a técnica empregada e se a técnica está de acordo com aquilo que foi feito nos treinamentos e na formação do policial. A segunda é a fiscalização da ação policial propriamente dita. E a terceira é o policial ter uma ferramenta para mostrar ou provar que a ação dele foi correta diante das normas em uma possível denúncia que poderia ser feita contra ele ou qualquer coisa que pudesse colocar em dúvida a sua ação”. 

Fonte: Fantástico 

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